O Benfica perdeu na deslocação a Famalicão (2-0) e entregou o título ao Sporting, que pode antecipar os festejos. Um momento que deixou os adeptos benfiquistas ainda mais desiludidos com esta temporada, como se percebe pelas muitas críticas nas redes sociais.
Em entrevista ao jornal Record, alguns adeptos mais conhecidos também aceitaram dar a opinião sobre o jogo de Famalicão e sobre a temporada.
O ator Jorge Corrula deixou críticas a Roger Schmidt, e viu muita culpa própria do Benfica neste título do Sporting. Numa nota mais positiva, destaca Carreras como um jogador para apostar no futuro da equipa.
Um grande jogo na primeira parte, para quem gosta de futebol. Até ao minuto 30 foram várias as oportunidades de golo, quer para um lado, quer para o outro. Brilharam os guarda-redes e também houve ineficácia. Depois, houve um treinador do Benfica, que eu não sei quem é, que fez três alterações ao intervalo. Eu digo isto, obviamente, com ironia, porque não vi Roger Schmidt fazer três alterações ao intervalo durante a época toda, portanto não sei quem é este treinador. Certo é, com essas alterações, o Benfica foi mais dominador, mas na prática jogou pior e não marcou. Ou seja, essas três substituições traduziram-se em praticamente zero oportunidades de golo. E o Famalicão vai lá duas vezes, marca e ainda podia ter feito o 3-0. Mas, da maneira que este jogo correu, acho que quem marcasse primeiro iria ganhar sempre. Naturalmente, o Benfica quebrou muito animicamente nos últimos 15 minutos. Sentiram que o campeonato estava perdido e os próximos jogos vão ser assim, ou seja só para cumprir calendário. Este jogo é sintomático do que foi esta época. Não é que o Sporting não mereça ser campeão, mas o Benfica não cumpriu a sua parte. Se o Benfica o fizesse, se cumprisse aquilo que devia ter feito durante a época, com certeza teria mais resultados. Teria mais títulos, ao invés da incompetência que mostrou a época inteira.
Duas notas: já temos defesa-esquerdo, pois Carreras há vários jogos mostrou que tem muito potencial. Não foi só hoje. Os números falam por si. Ele já fez muito mais no Benfica, nesta primeira época, do que o Grimaldo quando chegou. E deixo um exercício aos benfiquistas: se Roger Schmidt não tivesse cláusula de rescisão, isto é, se o Benfica não tivesse de pagar para o despedir, ele ainda estava no Benfica? Isto é que ninguém quer falar e importa dizer. Se a questão financeira não pesasse, ele ainda estaria cá e faria a próxima época no Benfica? Não se teria ido embora em dezembro? Fica a pergunta”, disse Jorge Corrula.
Por sua vez, Braz Frade viu no jogo de Famalicão um bom resumo da época. “Um jogo que foi, no fundo, o paradigma do que se passou na época toda. O Benfica entrou em modo de férias na primeira parte, dando uma parte de avanço como é hábito, mas comecemos pelo princípio: ninguém percebeu porque é que o treinador apresentou aquele onze inicial, com mudanças estranhas, tirando o Florentino, quando já se sabe que, sem ele, desequilibra completamente a equipa. Já toda a gente percebeu isso, menos o treinador. A equipa entrou lenta e previsível e, a haver um vencedor ao intervalo, seria claramente o Famalicão, embora ache que o golo invalidado ao Di María foi mal anulado. Na segunda parte, o treinador muda bem a equipa, o que é raro, mas os jogadores falharam demais e foram perdulários. Pareceu-me que só houve um jogador que mostrou interesse em ganhar o jogo, com esforço e classe: Di María. Foi aquele que pareceu mais interessado em alterar o resultado do jogo”, disse o ex-dirigente do Benfica.
O humorista Luís Filipe Borges, pelas expetativas criadas, considera esta como uma das piores épocas do Benfica e explica as suas razões. “Acho que este é o final óbvio para a época mais miserável que eu recordo nos meus 46 anos de vida. É pior do que acabar em 6.º lugar e explico porquê. Com o dinheiro gasto e as expetativas criadas, com as diversas oportunidades que existiram de mudar o rumo desta época, de tentar emendar a mão, quer a nível dos jogadores no mercado de inverno para colmatar as carências que eram evidentes, num plantel mal planeado, quer mesmo a nível, obviamente, do treinador. Destaco a humilhação no Dragão: Roger Schmidt não podia ter dado treino no dia seguinte. Com todos estes fatores juntos, só podia acabar assim.
Acho que é vergonha final. É não haver sequer brio para ir adiando a festa do Sporting, que conquista este título com todo o mérito. Mas nem sequer houve brio. Com um guarda-redes bastante caro a enterrar pela enésima vez, o que também me parece ‘karma’, tendo em conta a forma como o Roger Schmidt tratou Odysseas no início da época. E, atenção, não estou a dizer que o Odysseas é melhor do que este. Se calhar não é, mas aquilo não era maneira de tratar um jogador. Mas o ‘karma’ nestas coisas não falha. Portanto, tivemos um guarda-redes de 10 ou 12 milhões a falhar sucessivamente em momentos decisivos e a contribuir para que o título fosse entregue ao Sporting no sofá.
Também é a época mais vergonhosa que me lembro, porque estamos a falar de um clube que não só não tem treinador, como não tem comunicação, aliás já não tem há muito tempo. E, hoje em dia, dá-me a ideia que nem sequer tem presidente… O Benfica há dias esqueceu-se até de que era o aniversário da segunda Taça dos Campeões que conquistou e as redes sociais do clube passaram completamente ao lado disso. É um clube à deriva, muito preocupado certamente com as magníficas parcerias comerciais que aparenta ter, mas onde a mística está em níveis profundamente preocupantes. Acho que temos o que merecemos. Quem votou neste presidente, quem defendeu este treinador apesar dos últimos 8, 9, 10 meses terem sido absolutamente penosos… chegámos a um ponto onde merecemos estar.
Acho muito importante dizer, e já escrevi sobre isto há algumas semanas, que quando o Benfica perde em Alvalade um jogo que tinha absolutamente de ganhar, de um lado tínhamos um treinador, no caso Rúben Amorim, que faz 5 alterações em 3 momentos diferentes a partir do banco; do outro tínhamos um treinador que, aos 88 minutos, estava a dar instruções a um ‘playmaker’, no caso o Kökçü. Depois, mais uma vez o ‘karma’ faz o que faz e o Catamo marcou aquele golaço. Portanto, o treinador que quis ganhar o jogo procurou essa sorte e ganhou; e aquele que não podia, de maneira nenhuma, perder nem empatar nunca soube procurar a sorte e nunca soube arriscar. É um treinador absolutamente incapaz de mudar a partir do banco e ainda hoje (ontem) vimos isso. Faz 3 alterações ao intervalo, o que para ele até é uma raridade, mas mesmo assim continua a jogar com 10, porque mantém João Mário em campo. E as alterações que faz é a troca de um avançado por outro, um extremo por outro, um médio por outro. Zero capacidade de inovar”, disse Luís Filipe Borges, muito desiludido.
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