Ângelo Rodrigues vem de passar por mais uma experiência delicada. O ator, de 37 anos, esteve novamente em coma, na sequência de uma pneumonia por aspiração, após uma noite de excessos.
Cinco anos depois de ter estado meses em tratamentos por uma infeção que quase lhe tirou a vida, provocada por injeções de anabolizantes, o ator já estava a receber algumas críticas por se colocar nestas situações de risco. Porém, pior ficou quando após o evento, Ângelo ter ido brincar sobre o assunto no podcast de humor de Salvador Martinha.
O jornalista Luís Osório escreveu sobre como essa entrevista o choca, muito mais do que estes dois quase-morte que o ator viveu.
“O que me choca em Angelo Rodrigues
1.
Angelo Rodrigues é um popular ator de novelas, um viajante, gosta de trabalhar com crianças – bonito o documentário que realizou com miúdos da Ilha de Moçambique.
Tornou-se conhecido com a novela Rosa Fogo; era Estevão Amorim, um ambicioso projeto de gestor em ascensão.
A novela conquistou audiências e o jovem ator nascido em Gaia tornou-se uma estrela. Desejado pelas fans e pelos fans, bem pago por contratos para fazer mais papéis, mais apresentações, mais presenças em lugares onde chegava para ser visto.
2.
A sua vida tornou-se um passatempo para quem observa a vida dos outros – onde também me incluo.
Seguimos o drama da sua dependência de drogas que disciplinavam os músculos do corpo, que os tornavam indomáveis, que o transformavam no homem que desejava ser – atlético, imparável objeto de desejo ou máquina perfeita, não sei.
Escapou da morte por pouco.
Escapou da amputação de uma perna por menos de um fio.
E quando regressou à vida, após uma longa convalescença, tornou a trabalhar, a viajar, a viver.
3.
Nas últimas semanas, Angelo voltou a ser notícia.
Pela segunda vez entrara em coma por ter, numa noite de loucura, aspirado o seu próprio vómito.
Estava num hotel de Lisboa e as equipas médicas chegaram a tempo de evitar a sua morte.
Foi noticiado que na origem do drama esteve o consumo de drogas, medicamentos e álcool.
4.
Angelo Rodrigues ficou uns dias no hospital e mais uma vez os médicos conseguiram resgatá-lo.
Nada do que escrevi me choca particularmente.
Acredito que as pessoas podem e devem ter a liberdade para decidir ou deixar-se ir por um caminho que é o resultado de uma escolha consciente.
O que me choca foi o que Angelo fez pouco tempo depois de sair do hospital. Vê-lo a entrar de maca num estúdio para ser entrevistado num podcast humorístico é surreal e mais pornográfico do que qualquer versão que tenha sido feita do clássico Garganta Funda.
Uma falta de respeito pelos que o trataram – e por todos os que salvam os que insistem em se perder.
Uma falta de respeito pelas pessoas que estavam genuinamente preocupadas, o seu público.
Mas sobretudo uma falta de respeito por si próprio, uma feroz inconsciência ou amoralidade em relação às consequências daquela conversa com Salvador Martinha.
Os miúdos que a viram, alguns cheios de vontade de arriscar ir para fora de pé, outros cheios de vontade de ser estrelas ou bad boys como ele…
… esses miúdos que viram o podcast só podem ter ficado loucos de vontade de experimentar noites loucas como a daquele “grande maluco”.
Porque não haveriam de experimentar se tudo acaba em bem, se tudo acaba em grandes gargalhadas, se tudo acaba com brincadeira, gozo e mais estrelato?
Angelo Rodrigues pode ser tudo o que quiser.
O que não pode é ser um tipo que arrasta outros pela sua influência – entre o que fez e um tipo que vai bêbado para a estrada e arrasta para a morte quatro ou cinco inocentes, não há diferença nenhuma.
Na verdade, até existe uma diferença.
É que o Angelo tem mais alcance do que um bêbado na estrada, a sua influência é infinitamente maior”.
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