Ruben Amorim vive uma temporada agridoce no Manchester United. Ainda pode brilhar, caso conquiste Liga Europa – está na final – , mas a verdade é que fez uma segunda parte do campeonato inglês para esquecer, somando-se insucessos.
Por cá, são muitos os benfiquistas que gostavam de o ver de volta a Portugal, mas agora, como treinador do clube. Quem nunca escondeu a sua admiração, foi Luís Osório, benfiquista de coração, mas que neste caso, não é sobre o seu clube, sobre futebol e nem sequer sobre o treinador. É sobre o homem que é Ruben Amorim.
No Postal do Dia, o jornalista conta uma história emocionante que espelha a humanidade de Amorim. Num momento, em que se tornou fácil “bater” no treinador, pelos resultados em Manchester, Luís Osório conta-nos um outro lado de Amorim, que está a emocionar os seus leitores.
“Ruben Amorim e o amigo que reza por ele todos os dias
1.
Não tem sido fácil para Ruben Amorim.
Saiu como um Deus do Sporting, mas nestes últimos meses o seu caminho no Manchester United obrigou-o a várias provações.
Não há nada que encante mais alguns do que ver um vencedor ser vencido – e o grande treinador português, beatificado como o novo suprassumo do futebol, pagou caro pelas altas expetativas.
É sempre assim.
Há malta que aproveita todos os pretextos para se vingar da vida. É afrodisíaco malhar nos que, sendo consensuais, deixam de o ser.
Nos perfeitos que, afinal, não o são.
Nos invencíveis que perdem como os comuns mortais.
2.
Ruben Amorim é enorme.
E está a dar a volta ao Manchester United – como poderia ser de outra maneira com aquele sorriso em que todos confiam?
Mas nos momentos difíceis, nos momentos em que todos os dias corriam notícias de que poderia estar de saída, em que todos os dias as redes sociais proclamavam que a “vingança se serve fria” ou que o homem só era bom aqui na paróquia…
… em todos esses dias difíceis, um homem juntou sempre a família para ver os jogos do United.
3.
Sempre que podia, sempre que os jogos do Oriental lhe permitiam, Deritson Lopes fazia com que tudo parasse para não perder nada do que acontecia ao seu amigo Ruben.
Gritou sempre os golos.
Enviou-lhe mensagens a dar força, abraços e o carinho incondicional de todos lá em casa.
Sofreu com as notícias e rezou pelo regresso das vitórias.
Talvez tenha chegado a pensar que era preferível o amigo voltar, que Inglaterra não o merecia.
4.
Uma relação que começou em 2019.
Ruben vivia a sua primeira experiência como treinador no Casa Pia e Deritson era um dos seus defesas centrais.
Impressionava ao treinador a generosidade do seu jogador.
Não faltava aos treinos, era um exemplo para os outros, mas a sua situação em casa tornara-se insustentável – não tinha dinheiro para arrendar uma casa com dignidade para as suas crianças, o dinheiro era pouco e Ruben tomou conhecimento que aceitara trabalhar no único Mac Donalds aberto durante toda a madrugada.
Sem consultar ninguém, Ruben Amorim procurou uma casa para o seu jogador.
Encontrou-a e pagou um ano de rendas.
E Deritson pôde respirar fundo e recomeçar.
Um dia numa entrevista perguntaram-lhe pelo seu amigo Ruben. Deritson respondeu que era difícil definir uma pessoa que é um anjo.
O seu anjo de guarda.
O homem que o faz juntar a família para que ninguém esqueça”.
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