Júlia Pinheiro é uma das caras mais conhecidas da televisão, sendo também um dos nomes mais consensuais. Admirada como apresentadora, atriz ou diretora, é no seu papel de mulher que arrecada o maior elogio do conhecido escritor Luís Osório.
No “postal do dia”, o também jornalista fala sobre a importância do desabafo de Júlia Pinheiro sobre temas como depressão e menopausa, demonstrando vulnerabilidade, mas sobretudo dizendo a outras mulheres que também ela, uma das mais fortes da televisão, passa pelos mesmos dramas como qualquer outra mulher pode passar.
“A tristeza de Júlia Pinheiro
1.
Júlia Pinheiro está há muitos anos na primeira linha entre as mais populares apresentadoras de televisão.
É uma figura única, difícil de imitar e muitíssimo mais complexa do que a maioria das estrelas que acreditamos conhecer.
2.
O sucesso de Júlia define-se pelo paradoxo e pela gestão pragmática e estratégica que faz das suas aparentes contradições.
É uma mulher forte e madura, mas frágil e vulnerável.
É fechada na sua intimidade, mas revela a sua intimidade.
É clássica, mas amada pelos extravagantes.
É cautelosa, mas arrisca ir para fora de pé.
É sofisticada e cosmopolita, mas o seu público mais fiel é pouco sofisticado e nada cosmopolita.
É alegria e luz, mas nela há uma sombra de tristeza.
3.
Júlia Pinheiro já fez quase tudo.
Escreveu, fez reportagens, apresentou múltiplos programas, representou, cantou, foi professora e certamente que muito mais.
De todas as suas marcas e qualidades, a que prefiro é a coragem e honestidade com que expôs a sua depressão.
Fê-lo não apenas por si, não apenas para domesticar a dor tornando-a visível e logo mais suportável, mas também em nome de muitas mulheres para quem a depressão e a menopausa são temas proibidos.
4.
Revelou com pormenores o que tantas mulheres sentem e calam.
Falou da impossibilidade de dormir, dos comprimidos, da tristeza funda, da vontade de desistir.
Falou sem dramas do seu drama.
Sem lágrimas de tantas lágrimas.
Sem parecer ferida das suas feridas ainda por curar.
5.
Júlia ofereceu-se a si num pacto de confiança com o seu público e com todas as pessoas que a ela confiaram as suas fragilidades.
É único o que fez.
Não é para todos ou para todas.
Ninguém o fez com tanta competência e com tanta dignidade”, escreveu Luís Osório.
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