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Dias antes de morrer, Clara Pinto Correio fez relato sobre abusos chocantes

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A escritora e bióloga Clara Pinto Correia foi encontrada morta na manhã de terça-feira, 09 de dezembro, na sua casa, no Alentejo. Porém, a mulher, de 65 anos, já estaria morta a alguns dias, quando foi encontrada, segundo as informações.

Dias antes de morrer, a 25 de novembro, a irmã de Margarida Pinto Correio escreveu um texto doloroso, onde se parece justificar sobre o seu desaparecimento dos últimos anos. Nesse texto, publicado no ‘Página Um’, jornal digital onde era colunista, Clara Pinto Correia narra uma violação brutal, no ato e nas suas consequências, e na primeira pessoa.

Sendo ela uma brilhante escritora, poderá tratar-se de uma história fictícia que escreveu, como a de muitas mulheres que passaram pelo mesmo, a violação e o pós envergonhado. Mas a verdade é que foi escrita na primeira pessoa e poderia justificar muita coisa, neste final de vida de Clara Pinto Correio.

O Correio da Manhã transcreveu alguns excertos dessa crónica:

“Há cinco anos atrás, (…) foram os dois tarados que juntaram esforços para tornar possível a minha violação. E depois, como fazem todas as mulheres violadas, falei com a minha médica, mas não falei com mais ninguém. Pensei que, envolvendo-me bem no meu silêncio em torno deste nojo, estaria a proteger todos os familiares e amigos, todos os filhos e netos que estão longe, os muitos que costumavam juntar-se regularmente comigo e que não haviam de querer andar a ter de aturar histórias porcas de foi assim ou assado.

Pelo contrário, vejo agora, passados mais cinco anos, que o meu desaparecimento das nossas festas, das nossas conversas, e das nossas intimidades mais profundas, magoou de certeza toda a gente que esperava de mim a pessoa que eu era dantes, e agora vou tarde para dizer ‘queridas manas e mais família, queridas amigas e amigos, queridos filhos e netos, só posso pedir-vos desculpa mas não dei por isso, fiquei traumatizada até ao mais fundo do meu coração por um janado que me violou na Malorada, numa noite de chuva”, escreveu Clara, sobre Tiago, um “jovem de pernas finas e olhos brilhantes” que se ofereceu para lhe dar boleia e foi aplaudido pelo guarda da estação.

“‘É assim mesmo, Tiago,’ repetiu ele. ‘Assim mesmo é que se trata uma senhora.’ Virou-se para mim e sorriu-me um sorriso rasgado, depois do que encerrou a conversa com alguns pronunciamentos sobre a minha sorte. Agarrei no saco pesado e lá fui atrás do Tiago, a pensar na conjuntura estranha de acontecimentos daquela noite. Estava tão perdida nos meus pensamentos que já era tarde para voltar para trás, sempre pendurada do meu saco pesado, quando percebi que tínhamos entrado numa viela estreita e escura, onde era absolutamente impossível alguém guardar um carro. O Tiago deu-me um empurrão para dentro do abarracamento onde morava, deduzo eu, porque, graças a Deus, lá dentro não havia qualquer luz. Houve só uma conversa interminável de ‘Olha que não te armes em boa que eu trouxe-te para aqui para te mandar um f**ão, e se não vai a bem vai a mal que estou com uma p**a tesão, e fica sabendo que já comi velhas muito mais velhas do que tu e é do que eu mais gosto. Anda lá, meu, deixa entrar, abre-me essas pernas ou eu parto-te toda,’ e mais débitos infindos de ordinarices que acabaram por vencer-me pelo cansaço. Então o miúdo satisfez-se comigo uma data de vezes, a dizer uma data de porcarias. Acho que queria tanto que aquela tortura acabasse que acabei por adormecer entretanto.”

               

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