Cristina Ferreira fechou a revista que tinha e apressou-se a iniciar logo um novo projeto, onde terá novos produtos à venda. Na plataforma eusougira.com, estarão à venda alguns produtos, mais direcionados para um público alvo mais feminino. E o primeiro produto está a dar muito que falar.
Pipy é uma bruma íntima, um perfume precisamente para a zona íntima, que tem gerado alguma controvérsia.
“O PIPY foi desenvolvido com uma fórmula sem álcool, com pH equilibrado compatível com a zona íntima externa que respeita o equilíbrio natural da pele. Contém ácido lático que favorece a hidratação da pele junto da zona íntima. Bruma testada dermatologicamente e ginecologicamente, oferece uma sensação de frescura imediata”, pode ler-se no site, onde está à venda por qualquer coisa como 29,90€, um preço que está a ser considerado muito elevado.
Até porque, por exemplo, a cantora Anitta também lançou uma bruma semelhante, em 2022, no Brasil, que neste momento está à venda na Amazon por 35 reais, ou seja menos de 6€. O perfume íntimo de Anitta chama-se Puzzy, também uma referência à zona onde se destina, mas em inglês. E até nisso, Cristina está a ser apontada pela falta de originalidade.
Sobre este perfume de Anitta, também houve sempre críticas. “Esses produtos são desnecessários desde que você mantenha uma higiene adequada”, disse a ginecologista Karina Tafner à Globo.Pip.
E o mesmo está a acontecer precisamente a Cristina Ferreira, acusada de compactuar com o estigma do mau cheiro na zona íntima feminina, o que deve ser combatido, não com perfumes, mas sim com uma boa higiene ou, em casos graves, com medicação e um acompanhamento médico adequado. Caso exista um problema de mau cheiro, o perfume apenas disfarçaria e não resolveria a questão, que não é normal, como tantas vezes os clínicos se esforçam para explicar, o que pode sofrer agora um novo revés com esta desinformação.
A VIDAs – Associação Portuguesa de Menopausa fala em “produtos que perpetuam desinformação que prejudica as mulheres e desvia o foco do que realmente importa: conhecimento, prevenção e saúde”. E dá mesmo o exemplo de na menopausa “o corpo feminino enfrenta mudanças significativas, como secura vaginal, infeções recorrentes ou disfunções urinárias. Produtos que prometem mascarar odores naturais podem: alterar a microbiota vaginal, aumentando o risco de infeções, disfarçar sinais de alerta, atrasando diagnósticos, provocar irritações em pele sensível, especialmente nesta fase da vida”.
Por sua vez, a médica Irina Ramilo, ginecologista e obstetra no Hospital Lusíadas, revelou, em declarações ao jornal Correio da Manhã, que o produto “não é bom nem mau. Por ter água e ácido lático na sua composição consegue hidratar e refrescar. Mas em pessoas mais sensíveis pode alterar o pH natural, porque pode acumular mais fungos e dar origem a infeções [como a candidíase ou a vaginose bacteriana]. Por isso é que é preciso cuidar bem dessa zona”, explicou, deixando, no entanto, a opinião formada: “usar só água é o mais essencial. Este produto não vai causar grandes problemas, desde que não seja usado em demasia. Qualquer humidade naquela zona torna-a mais predisposta para apanhar fungos e bactérias”.
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