O FC Porto já reagiu, em comunicado, à polémica da semana. O árbitro Fábio Veríssimo escreveu no relatório do jogo FC Porto – SC Braga, do último domingo, que durante o intervalo do jogo, no Dragão, no seu balneário, estava uma televisão, que não dava para desligar, a passar em loop alguns lances da primeira parte do jogo, nomeadamente esse momento em que a equipa de arbitragem anulou o golo de Froholdt, por uma suposta falta de Bednarek sobre o guarda-redes do Braga, Hornicek, na pequena-área, imediatamente antes do remate final.
O lance foi anulado por essa pretensa falta, imagem que estaria a passar, juntamente com imagens de um golo do Benfica contra o FC Porto, na final do Torneio da Pontinha, e arbitrado pelo próprio Veríssimo. Só que nesse jogo de março de 2024, o lance foi validado.
Entretanto, o Conselho de Disciplina da FPF avançou com um processo disciplinar contra o FC Porto e os clubes rivais, nomeadamente Benfica, Sporting e SC Braga já reagiram em comunicados contra a postura do clube.
Agora, o FC Porto responde num comunicado forte às acusações. Porém, em nenhum momento desmente ou justifica o relatado pelo árbitro, e ao invés acusa os rivais, o árbitro e a situação do futebol português, num contra-ataque forte que promete incendiar mais ainda a polémica.
Comunicado do FC Porto:
“Em causa as notícias que dão conta da abertura de um processo disciplinar ao FC Porto
Perante as notícias de hoje, dando conta de que o Conselho de Disciplina da FPF terá aberto um processo disciplinar ao FC Porto por factos ocorridos no jogo disputado entre o FC Porto e o SC Braga no passado dia 2 de novembro de 2025, o FC Porto vem, pelo presente, prestar os seguintes esclarecimentos, reafirmando o seu respeito pela autonomia dos órgãos disciplinares e a sua total disponibilidade para colaborar nas diligências necessárias:
1. O FC Porto ainda não recebeu, por parte das entidades competentes, os relatórios finais da partida, pelo que se reserva o direito de se pronunciar sobre os mesmos em momento oportuno. A este respeito, o Clube exige à FPF que se pronuncie, com caráter de urgência, sobre a aparente divulgação prévia de documentação oficial em canais privados antes de as partes diretamente envolvidas a receberem.
2. Na perspetiva do FC Porto, persistem graves problemas na arbitragem em Portugal, como a dualidade de critérios, a falta de uniformização nas decisões e o condicionamento permanente das arbitragens antes e depois dos jogos por intervenientes diretos e indiretos (alguns alegadamente ligados a sociedades desportivas). Adicionalmente, continuam a registar‑se, época após época, tentativas de branqueamento de lances capitais com impacto direto nos resultados através do comportamento coordenado de comentadores com relações privilegiadas no seio dos organismos decisores.
3. Dos problemas acima referidos, são exemplos concretos, na presente época e na perspetiva do FC Porto, os seguintes lances:
– o lance envolvendo Sudakov em Guimarães;
– as expulsões perdoadas a Richard Ríos na Amadora e em Alverca;
– o penálti assinalado no jogo SL Benfica-CD Tondela;
– a expulsão perdoada a Gonçalo Inácio em Famalicão;
– o penálti por assinalar a favor do SC Braga em Alvalade;
– a expulsão perdoada a Diomande na última sexta‑feira, contra o FC Alverca.
4. Relativamente ao árbitro Fábio Veríssimo, o FC Porto considera importante dar nota que, após o término do último FC Arouca-FC Porto, e perante várias testemunhas, o árbitro em questão ameaçou dirigentes do Clube com expulsões e outras formas de intimidação, ameaças essas que, no entendimento do FC Porto, vieram a concretizar-se no jogo do passado domingo. O sucedido será objeto de participação ao Conselho de Disciplina, para que o referido árbitro possa explicar as motivações desta conduta que, no entender do FC Porto, não apenas infringe deveres a que aquele está adstrito, como consubstancia um comportamento persecutório.
5. O FC Porto considera no mínimo surpreendente a oportunidade e o teor do comunicado emitido pelo SL Benfica. Desde logo, a ironia de ver um clube que, como é público, tem estado envolvido em episódios recentes associados ao fenómeno da arbitragem – alguns dos quais objeto de processos judiciais ainda em curso, sem prejuízo da presunção de inocência – e cujo presidente terá, segundo foi amplamente noticiado, confrontado árbitros em túneis de acesso a balneários, vir referir situações de supostas pressões sobre árbitros. Este comunicado é ainda mais curioso quando, nas vésperas da mais recente edição da Supertaça, o SL Benfica entendeu emitir uma nota elencando uma série de alegados erros precisamente do árbitro Fábio Veríssimo, numa iniciativa que, no entendimento do FC Porto, pode objetivamente ser interpretada como tentativa de condicionamento do seu desempenho para o jogo em causa. Regista‑se, ainda, a coincidência de o quarto árbitro do jogo FC Porto-SC Braga, Gustavo Correia, ser precisamente o árbitro que esteve prestes a ser agredido em pleno relvado do Estádio da Luz, no jogo entre o SL Benfica e o Sporting CP em maio passado – o que suscita, além de outras, preocupações de segurança e a questão do efeito que condutas dessa gravidade poderão ter na capacidade de os árbitros desempenharem as suas funções livres de qualquer condicionamento.
6. Todas estas circunstâncias impõem uma reflexão profunda sobre o estado atual do futebol português e, em particular, sobre a arbitragem. No passado sábado, o FC Porto solicitou uma reunião ao presidente do Conselho de Arbitragem para a próxima paragem do campeonato, oportunidade em que reiterará a sua indignação com o rumo deste primeiro terço da prova e a sua disponibilidade para procurar formas de reforçar e proteger a qualidade e a independência da arbitragem em Portugal.
7. O FC Porto sugere aos seus rivais que, em vez de se focarem em comunicados e e‑mails, nos quais alguns são mestres, e em estratégias comunicacionais suscetíveis de pressionar árbitros, se disponibilizem para, de uma vez por todas, encontrar verdadeiras soluções para os desafios estruturantes que o futebol português enfrenta”.
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